“É a dança contemporânea a matéria
focalizada nesse estudo por ser um espaço privilegiado para a percepção dos
efeitos estéticos dessa mudança de eixo de referência conceitual que dá
sustentação aos entendimentos de mundo, ao mesmo tempo em que orienta a
condução do processo de sobrevivência nele. Não estando, como esteve o balé,
comprometida com um conjunto fixo de passos conjugados segundo um padrão
estável de dominância associativa; nem sendo, como foi a dança moderna, um
campo de referenciação metafórica, a dança contemporânea expressa uma lógica relacional não hierárquica entre
corpo e mundo. Diferentemente dos outros modos de configuração
coreográfica, cuja variação de gênero estilístico, por mais “pessoal” que seja,
ocorre sempre sob o constrangimento de parâmetros programáticos; a dança
contemporânea se organiza à semelhança de uma operação metalinguística, na medida em que transfere a cada ato
compositivo os papéis de gerador e
gerenciador das suas próprias regras de estruturação.” (Temporalidade em dança:
parâmetros para uma história contemporânea – Fabiana Dultra Britto)
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